quinta-feira, 5 de junho de 2014

100 Anos da Fábrica da Pedra ( Antonio Carlos Menezes - patrão e empregado)



  
 Dentro da data comemorativa dos 100 anos da Fábrica da Pedra, trazemos hoje raro material enviado pelo nosso colaborador Vítor Marques(meu primo em terceiro grau).

Ele nos enviou dois documentos raros: a cópia da folha de carteira de trabalho e crachá do Antonio Carlos Menezes.  O detalhe interessante é que o falecido Sr. Antonio Carlos era o DONO DA FÁBRICA que era então chamada de Cia Agro Fabril Mercantil.  Interessante que ninguém chamava crachá. E sim plaqueta. Todos nós (operários/funcionários/colaboradores) erámos obrigados a trazê-lo dependurado na camisa. Sem ele não podia entrar e muito menos circular pelas dependências da Agro Fabril.




Minhas lembranças do então dono da fábrica são bastante tênues. Sabíamos de sua chegada pelo barulho dos motores do seu avião que fazia então um sobrevoo pela cidade. E logo em seguida pousava no campo de aviação que ficava um pouco afastado. Cerca de uma hora e pouco depois era comum ver o seu Antonio andando pelas instalações de sua fábrica. Geralmente usava roupas em tons sóbrios(acho que bege) mas fazia questão de trazer o crachá pendurado no peito como se fosse também um operário/funcionário. Dava exemplo.
 
Suas visitas eram espaçadas. Creio que era em média a cada 30/45 dias em média que ele visitava DG.  Lembro-me também que havia certo temor reverencial pelo patrão. Era visto meio como se fosse uma figura mitológica.  Passados os anos é possível afirmar que era engano nosso. Afinal era gente como a gente.  

Após alguns anos morando em Recife e trabalhando num banco estrangeiro, tive a oportunidade de conversar brevemente com os seus familiares que eram clientes. Falei com o seu sobrinho Luiz Augusto Menezes(seu Lula) e disse que era sobrinho do Adonias. Ele ficou bastante emocionado e perguntou logo pelo meu primo Adeilton. “ E o Buiú como vai? Tem notícias dele?”.  E alguns depois falei com a D.Lise e o Tony (viúva e filho do Antonio Carlos). Todos muito gentis e agradáveis.

Agora é com vocês.


PS: escrevendo esta postagem e eis que chega via rede social convite para participar dos festejos dos 100 anos. Agradeço a gentileza mas infelizmente não poderei comparecer. Fico o agradecimento e a lisonja pelo gentil gesto. E desejando boa comemoração para todos. Reproduzo convites recebidos.



Amigo César, gostaríamos de contar com a tua presença neste evento. Peço desculpas por te enviar hoje o teu convite, mais só ontem chegaram às minhas mãos. Abraços, Hermância.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

100 Anos da Fábrica da Pedra ou a Classe Operária Vai ao Paraíso


Dentro do espírito comemorativo dos 100 anos da Fábrica da Pedra, aproveito para resgatar texto postado em outubro/2004. Foi um dos primeiros textos do blog. E nele narro de forma breve algumas vagas lembranças dos meus tempos de "operário".




A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO (título de um filme italiano dos anos 70, e que durante muitos anos esteve proibido pela censura. O protagonista era o Jean Maria Volanté) (texto de César Tavares e postado originalmente em 29 de outubro de 2004 na primeira versão do blog Amigos de Delmiro Gouveia)

Saída dos Operários da Camisaria às 11 horas e alguns minutos. Imagem feita no final dos anos 70. Nela aparece o autor do texto e sua amiga Lalide Batista

Onze horas soava o apito da fábrica. Era o final do primeiro expediente para os operários da Divisão de Confecções da Cia Agro Fabril Mercantil. Eram dois turnos de trabalho. Iniciava-se às 6 horas e ia até às 11 horas. Havia um intervalo de duas horas para o almoço. Voltava-se às 13 horas e trabalhava-se até às 17. Num total de nove horas diárias de segunda a quinta-feira. Na sexta-feira a jornada durava oito horas. E aos sábados só havia o primeiro expediente. Totalizando 48 horas semanais. 

Então um pouco além das onze horas as ruas delmirenses ficavam cheias de apressados operários, devidamente fardados, se dirigindo as suas casas para o almoço. 

Trabalhei neste ritmo durante quase cinco anos. Comecei aos 14 de idade. Na época era permitido. A Constituição Federal de 1988 reduziu a jornada para 44 horas semanais e proibiu o trabalho a menores de 16 anos. Hoje seria considerada exploração de mão-de-obra infantil. 

Naquela época a Divisão de Confecção com os seus diversos setores: camisaria calçaria, setor de lençóis, setor de pijamas e cuecas, gerava em torno de uns 800 empregos diretos. A fábrica como um todo tinha uns 2000 empregados. 

Minha primeira função foi de auxiliar de expedição. O chefe da seção era o Rosalvo Nóia(Doda). Como colega de trabalho lembro bem do Murilo Liberato (Moura), ele procurava dar-me algumas orientações no início. Eu ainda um garoto e ele já adulto. 

Vinte e um anos depois numa visita as instalações da nova Fábrica da Pedra, revi o Murilo. Fiquei feliz e ao mesmo tempo desapontado. Ele não me reconheceu. Mesmo eu lembrando de todos os nomes das pessoas daqueles tempos de expedição: Gilson Alemão, Doda, Nildo, Maribondo, Cassimiro, Galego, Éder Matagrande, Erasmo Cegueta. 

Mas o importante é que eu lembro dele e das suas dicas. Ele sempre fazia suas tarefas de forma bem-humorada e tranqüila. 

Na expedição trabalhei creio que menos de um ano. Depois fui promovido para cronometrista. E passei a ter como chefe o Valmir Bezerra(Bafão). Gente boa. Um sujeito calmo, inteligente e paciente. Nas poucas vezes em que voltei em DG após 1981, sempre fiz questão de trocar umas palavras com o Valmir. 

O cronometrista é aquele cara responsável por estudos de tempos e movimentos. Eu executava o trabalho sem grandes dificuldades e nem sabia da importância de tudo aquilo. Mas sempre eu estava procurando formas de aumentar a produção das costureiras. 

Alguns anos depois ao entrar na universidade e pagando as cadeiras de Teoria Geral da Administração e que tomei conhecimento dos trabalhos de Taylor e Gilbreth, é que vi o quanto eu havia contribuído de forma meio alienada para aumentar a mais-valia do patrão. Aqui fica o registro da minha Mea Culpa. Confesso.(risos). 

Ainda lembro nitidamente que ao sair para o almoço, tinha por hábito esperar a Lalide, e então íamos batendo papo. Colocando as conversas em dia. Ela era minha grande amiga e colega de classe no GVM. Pois trabalhávamos o dia inteiro. E a noite estudávamos. Interessante é que nossos números na chamada de classe sempre eram juntos: 33 e 34. 

A foto abaixo foi tirada numa destas saídas. Tomei conhecimento desta fotografia algum tempo depois e a adquiri. Gosto dela porque não foi posada. Tudo o que aparece nestas cores esmaecidas pelo tempo é natural e espontâneo. E também porque também traz à lembrança do início da minha vida profissional: um jovem operário delmirense. 

Eu deveria ter nesta época uns 16 ou 17 anos. Ainda magro e com cabelos. O contrário de hoje. 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

DELMIRENSE(EM COOAUTORIA) LANÇA MAIS UM LIVRO: DELMIRO GOUVEIA ENTRE O MITO E A REALIDADE

Eis que o nosso blog após um bom tempo sem atividade retorna trazendo uma notícia muito boa. Vamos ao que interessa:

Mais um delmirense destacando-se no mundo das letras. , O escritor e professor David Roberto Bandeira da Silva em coautoria com os professores Eliseu Diógenes e Sérgio Alves lança oficialmente em 10 de junho, pela editora Edufal o portentoso livro:

DELMIRO GOUVEIA
ENTRE O MITO E A REALIDADE
SEUS EMPREENDIMENTOS E SUA CONTEXTUALIDADE NO TEMPO E NO ESPAÇO.


A obra divide-se em três partes distintas. Cada uma escrita por um autor diferente.  E no conjunto tudo se concatena e complementam.

A Parte I foi escrita pelo Eliseu Diógenes(prof. UFAL) tendo como título: A presença do Mito nos Empreendimentos de Delmiro Gouveia: Uma analogia de proporcionalidade.

A Parte II foi escrita pelo Sérgio Alves (prof. UFPE) e foi intitulada como: Empreendedorismo Pioneiro e Inovação Organizacional no Limiar do Século XX: Uma Análise do Legado de Delmiro Gouveia.

A Parte III escrita pelo nosso amigo e  conterrâneo delmirense David Roberto e intitulada: A Usina Angiquinho – O Legado de Um Empreendimento Pioneiro.

No anexo o livro traz dezenas de fotografias históricas. Uma obra de pesquisa impressionante.

Sobre o livro o renomado professor Jacques Marcovitch da Universidade de São Paulo(USP) diz em treco de sua apresentação: “ tem o leitor em suas mãos um novo livro sobre Delmiro Gouveia. No mesmo volume três conteúdos de fôlego e qualidade assinados pelos professores...”   “...junta-se a este ensaios a dezenas de outros registros em linguagem culta sobre a trajetória do grande empreendedor nordestino...”

Lembramos que o intelectual, pesquisador e professor delmirense David Roberto Bandeira da Silva já lançou três outros livros anteriormente: “Ousadia no Nordeste: a saga empreendedora de Delmiro Gouveia” “Cooperativismo Alagoano” e a “A Construção da Estrada de Ferro Paulo Afonso : Fotografia e Historia”.

Em janeiro de 2013 já tínhamos falado do lançamento de um dos livros do David. http://amigosdedelmirogouveia.blogspot.com.br/2013/01/delmirense-lanca-livro-construcao-da.html

O lançamento oficial será no próximo dia 10 de junho, na editora Edufal, em Maceió; segue o convite do lançamento. A partir de junho, o livro pode ser adquirido na loja Edufal e também na Livraria Cultura (lojas físicas e site www.livrariacultura.com.br




Esperamos que você delmirense que reside em Maceió ou que esteja por lá no dia, não deixe de prestigiar o evento e adquirir o seu exemplar.