sexta-feira, 27 de maio de 2011

Delmiro Gouveia - Paulo Afonso: Quem Vai?

Hoje teremos uma postagem tripla. Aproveitando que o nosso colaborador  Edmo Cavalnte nos enviou  texto e imagens sobre a vizinha cidade de Paulo Afonso.Aproveito e resgato mais dois textos dos blogs antigos e que são correlatos ao tema proposto.

Talvez, hoje, os delmirenses tenham uma certa facilidade em fazer seus estudos nos colégios locais. Mas nem sempre foi assim. Eis aqui alguns registros da aventura que era se deslocar diariamente para outra cidade. 


Trago um texto postado em agosto de 2005 que fala sobre a caminhonete de Zé Freire que fazia o transporte dos estudantes nesta rota. E logo em seguida resgatamos outro texto de novembro de 2007, e neste há imagem enviada pelo Bráulio. Para complementar colo um comentário bastante interessante feito por um outro estudante anterior a “nossa época”. 

O texto triplo ficou enorme. Mas ao menos os leitores terão uma visão quase panorâmica.
Vamos ao que interessa.

Igreja de S.Francisco em Paulo Afonso.
Vista Parcial do Centro de Paulo Afonso
Vista aérea de Paulo Afonso
Caro César e colegas delmirenses, me veio à mente falar de Paulo Afonso, nossa vizinha e desenvolvida cidade baiana. Morei em PA nos ano de 1970 e parte do ano de 1971. Sempre que vejo fotos , lembro da minha infância. Estudei o 2º ano primário na Escola Rural, que funcionava na parte da CHESF
 De 1971 para cá a cidade desenvolveu muito. Atualmente conta com uma população de mais de 100 mil habitantes. Admiro as administrações dos prefeitos que por lá passaram, e principalmente da CHESF que investe muito em arborização. Ao postar algumas fotos, aproveitei a carona e escrevi algo sobre a cachoeira de Paulo Afonso, mas que também é da nossa querida macondo. Espero que o correio não atrase esta carta, é que ela é registrada.
                                                         
          Grato pela atenção
Edmo Cavalcante (Maceió 20/05/2011)                                                 
   

A Cachoeira
Edmo Cavalcante                                            

A cachoeira nasce no céu
Sutilmente ela desce do céu e chega até o sertão
E jorra...
Estronda os ares do sertão
E lava as terras do sertão
E leva água às terras do sertão
É um movimento contínuo que ela faz
É um som perfeito que ela faz
 É um balé impossível que ela faz


                         
A Caminhonete de Zé Freire na rota Delmiro Gouveia- Paulo Afonso(ou como era difícil estudar)
Texto de César Tavares e originalmente postado em 22 de agosto de 2005.
Era uma mais ou menos parecida com esta. Só que tinha uma capota na parte traseira
Ao terminar o ginásio no final dos anos 70, não havia curso secundário em Delmiro Gouveia, exceto o de Pedagogia. Então começava a revoada. A turma dividia-se Os mais abastados iam para centros maiores.(Maceió, Salvador, Recife e Aracaju). E os menos afortunados ou até mesmo por conveniência, iam estudar em Paulo Afonso. 

E em Paulo Afonso a grande maioria dos estudantes ficavam mesmo fazendo curso técnico de Administração ou Contabilidade no Colégio 7 de Setembro. Nestes cursos havia aulas à noite. Portanto batia com os nossos horários. Quase todos trabalhavam. No meu caso: na fábrica. No entanto para o deslocamento DG/PA havia alguns inconvenientes: Os horários do ônibus da Viação Progresso, o seu ponto de embarque e desembarque e o preço. Então nos restava uma solução delmirense: A CAMINHONETE DE ZÉ FREIRE. 

Era uma caminhonete C10 com uma capota na carroceria. Pegávamos ali ao lado da praça, quase defronte ao antigo mercado público.(hoje uma galeria de lojas). E nesta caminhonete íamos apinhados num total de dezoito estudantes. Quinze sentados em banquinhos na carroceria e três juntos com o motorista na cabine. 

Nos meses de junho. A disputa pela cabine era imensa. Pois na carroceria, entrava pelas frestas um frio de lascar. Aquele friozinho conhecido que doía até nos ossos. Quem mora em DG sabe que frio é este. 


Mas o desconforto era compensado pelas farras, brincadeiras e amizades travadas em espaço tão diminuto. E na quase uma hora de viagem valia tudo. Discutia-se política. Era o início do Governo Figueiredo. E a discussão mais importante era se o combate à inflação galopante era mais importante que a anistia. Futebol era tema recorrente. Piadas muitas piadas (de bom e de gosto duvidoso em maior número lógico), novelas e fofocas delmirenses. Tudo valia.

Na volta o papo já minguava. Afinal estávamos cansados. Um dia inteiro de trabalho, correria para pegar a condução no final da tarde. E depois quatro ou cinco aulas de Getúlio (o terror do colégio), então era normal quase todos cochilarem. E chegávamos em DG por volta das 11.30h da noite. 


Às vezes por pura sacanagem alguém com um terrível espírito assassino soltava um raio fedor daqueles. E começava a troca de acusações para saber quem foi o criminoso que liberou uma carga de substâncias voláteis e altamente tóxicas em ambiente tão diminuto. Caso fosse descoberto, era devidamente justiçado pelo tribunal de exceção. A pena geralmente era uns bons babaus no miserável. Não vamos citar nomes para evitar constranger quem era contumaz em tal ato hediondo. Afinal hoje todos são pais e mães de famílias respeitáveis. 


No entanto tinha um dia especial. Era a sexta-feira. Era praxe neste dia rolar uma batucada em plena carroceria. Tudo era com uma improvisação profissional. E o repertório era bem variado. Sambas chavões a exemplo de Foi um Rio que Passou na Minha Vida até o as músicas do Waldick Soriano. Enfim era bem eclético o gosto da turma. Havia espaço para todos os gêneros. 

E isto era feito pelos camaradas ai abaixo(de quem tenho as melhores lembranças): 


Tonho do Banco do Brasil. O mais elegante da turma. Afinal tinha um bom emprego. O Tonho levava um atabaque; 

Eilson (Fuleirinho) se encarregava de trazer um pequeno "tantan";

Carlinho Kipá (que trabalhava no hospital) levava um triângulo; 

Wellington de Jatobá(filho do coletor estadual) levava um reco-reco. 

Maysa imitava com a boca o som de um piston. Perfeito. Ela morava ali no Desvio e trabalhava na fábrica no setor do Walmir. e Cláudio Cardoso(filho de Zé Galego) cantavam E os demais faziam o coro. 

E eu que com a minha coordenação motora inexistente era impedido de tocar qualquer instrumento que fizesse barulho. Pois poderia atrapalhar o grupo. Então davam para mim uma pasta que não fazia som algum. E diziam: Olha cara você finge que toca, assim você se diverte e não atrapalha a gente.(risos) e o coro da música, como eu não sabia nenhuma também, só podia fazer o refrão. E assim mesmo baixinho.(risos). 

Saudades deste tempo. Hoje passados tantos anos achamos engraçado. Na época era dureza para o sujeito fazer um cursinho rafaméia tinha que dar um duro da gota serena. 

Atualizando os dados: 

Em janeiro de 2005 encontrei o Tonho. Teve um grave problema de saúde e se aposentou pelo BB. Conversamos ali na vila numa manhã ensolarada. Rimos um bocado. Gente muito boa. 

Na festa de 20 de conclusão da oitava série do GVM, em junho de 1997, reencontrei o Wellington após 17 anos sem ter notícias do mesmo. Tomamos umas cervejas e colocamos papo em dia. Ele mora em Maceió. Mas lá se vão oito anos novamente. 

Carlinhos Kipá. Morava ali na Padre Anchieta. Após terminar o segundo grau conseguiu emprego numa dessas grandes empreiteiras mineiras e passou a correr o país inteiro. Não tenho contato com ele desde o natal de 1983. O último que passei em DG. Já morava em Recife. E o Kipá estava também passando uns dias com a sua mãe. Ele morava em Belo Horizonte. 

O Eilson Ferraz um dos sujeitos mais divertidos que andavam na velha e boa caminhonete C10, faleceu num acidente em DG ainda no início dos anos 80. Uma pena. Mas será sempre lembrando pelo seu bom-humor. 

Os demais companheiros de viagem tentarei lembrar o nome de todos. Perdoe-me os que eu por ventura vier a esquecer. 

Rita de Cássia, filha do Dr. Luiz; ainda mora em DG. Dirigente de escola. 

Vera e Celi Ferraz primas do Eilson; Não tenho notícias desde então; 

Graça Padilha, mora em DG e dona da melhor casa de lanche e padaria da cidade; 

Meire fazia o terceiro ano. Uma morena muito bonita e meiga que morava ali para as bandas da Castelo Branco. Não tenho notícias também. 

Rosana Claudino. Uma das filhas do famoso carioca. Creio que voltou para o RJ. 

Cléia Ribeiro. Fazia o terceiro ano em 1979. E trabalhava comigo na fábrica. Desde 1982 que não tenho notícias também; 

Edvaldo do IBGE. Não sei por onde anda desde 1980. Era o mais letrado da turma. Lia muito. Gente boa. Parece-me que voltou para Santana do Ipanema ou Arapiraca; 

Luiz Carlos do Manoel Bispo do Abrigo. O único barbudo da turma. Sempre elegante e com uma boa conversa. Fazia o terceiro ano também. Não o vejo desde 1980. 

Caso alguém daqueles tempos lembre o nome dos que faltaram, por gentileza refresque a minha memória. 

Em tempo: ainda pegamos o tempo bom. Estrada asfaltada e novinha em folha. Os outros estudantes que nos antecederam andavam de Rural. Lembro que o Mazo de Valdemar fazia este transporte. E a estrada era de chão batido. Uma poeira sem fim. Mas aqui quem pode contar detalhes seria o Bráulio. Fica em aberto o convite. E ai você quando fez o seu curso secundário teve estas mordomias todas? Deixe o seu recado. 


Comentário feito por Aldo Oliveira Silva em 13/06/2010

Que maravilha ver tudo isso, estudei em paulo afonso no periodo de 1974 à 1976, inicialmente viajavamos com ze freire e depois em 2 Rurais, a de Mazo e Jazon gavião, que casou com eliane freire que reside à muitos anos em são paulo-sp. Estrada de chão, eu trabalhava no banco do estado de alagoas, juntamente com o saudoso Betinho de Dalva, que infelizmente já nos deixou, não se pode esquecer o maluco beleza CARLINHOS de Lula Braga, Valmir irmão de Mazo, Valdomiro, Cosme do padre Fernando e outros. Como muitos Delmirense e em razão da falta de oportunidade de trabalho arrumei meu "saco como cadeado o Nó" e resido em Salvador - Ba., fica a disposição o meu email para contatos, felizmente hoje temos a informatica para poder ver e matar as saudades, abraços a todos. aldo Oliveia Silva 

Estudantes de Delmiro voltando de Paulo Afonso ou os Bons Tempos Viajando em Caminhonetes e Rurais.
Postado originalmente em 30 de novembro de 2007
Turma de 1974: estudantes delmirenses numa farra após chegada da viagem para Paulo Afonso. 
Em agosto de 2005, ainda no primeiro blog, escrevi um texto sobre as viagens e as dificuldades dos estudantes delmirenses que eram obrigados a se deslocarem até Paulo Afonso, motivados por na nossa Macondo, não ter ainda um curso secundário. Então eu falei sobre os companheiros de viagem da famosa caminhonete de Zé Freire. Quanto tempo isto hein? Atualmente está em fase de acerto para que na terrinha tenha campi da UFAL. 

E recebo agora a um texto e imagem do Bráulio Oliveira(geólogo da Petrobrás/Aracaju), onde mostra que apesar de todos os atropelos, no final do ano letivo, os meninos e meninas delmirenses conseguiam comemorar suas vitórias diárias. Vamos ao que interessa: Quem consegue identificar todas as pessoas?(um tarefa para o super-Abrahão)? E o Local?(acho que ta fácil ). O Bráulio já facilitou a tarefa ao nominar alguns. Agora é com vocês. 


(abaixo no íntegra email recebido) 



César, 


Toda vez que vc dispara o alarme, procuro o álbum com fotos da época que morávamos em Delmiro e tento encontrar alguma que mereça ser postada no blog.


Como estamos chegando ao final de mais um ano, esta que estou enviando vem a calhar. É um registro de uma reunião de delmirenses no final de ano de 1974 ou 75. Genilson, meu irmão, que é o dono da foto, vai precisar melhor, quando a vir e comentar. 



O que sei sobre ela é que essa turma viajou todo o ano para cursar o ensino médio nas escolas de Paulo Afonso, na camionete de Zé Freire e estavam comemorando o encerramento da árdua jornada. O local era um bar ou restaurante situado na parte central do comércio, creio 

que vizinho a Adão Queiroz ou muito próximo. 



O proprietário (7) aparece na foto. Lembro de quase todos os rostos, mas, os nomes não. Afinal, ja se foram trinta e alguns anos. 

Um abraço 
Braulio 

E agora complementando a imensa  postagem:Paulo AFonso em imagens feitas por César Tavares em janeiro de 2010.





































segunda-feira, 23 de maio de 2011

Infância em Delmiro Gouveia(anos 70): Times de Botão e Futebol com Pregos.

Resgato mais um texto dos antigos blogs e faço aquela customização de praxe. Lembramos aos novos leitores, que a busca pelos textos antigos se deve ao fato que por problemas técnicos do provedor o sistema de comentários deixou de funcionar por um período e depois “apagou” todos os comentários de certo período. E a graça de qualquer blog está justamente naquilo que os leitores o fazem. Portanto entre um texto novo e outro vou aos poucos intercalando, sem nenhuma ordem cronológica, as antigas postagens.




O texto continua a série sobre nossas brincadeiras de infância. Então falo sobre jogos com times de botão de mesa. E agora além do texto poderíamos aproveitar e falar sobre outro jogo com certa similitude: futebol com pregos.

     Futebol com pregos
Futebol com pregos: Uma simples tábus, 22 pregos e uma moeda. 

Logo em seguida “colo” um dos comentários que foram apostos no antigo blog.

Vamos ao que interessa.

COMO A MOLECADA SE DIVERTIA EM DELMIRO GOUVEIA. 
Texto de César Tavares e  postado originalmente em 10/fevereiro/2006

Goleiros feitos com caixa de fósforos


Bastava uma caixa de fósforos reforçada, isto é, aumentando-se suas dimensões: altura,comprimento e largura. Pronto tinha-se um goleiro. Depois com dez botões formava-se a equipe completa. Os escudos que identificava a agremiação eram recortados da Revista Placar. E assim você passava a ser dono de um time de botão. Que atire a primeira pedra quem nunca jogou uma partida acirrada. 



Uma diversão barata, simples e que envolvia toda a molecada delmirense. No período das férias escolares era comum um grupo passar o dia inteiro na casa de algum colega a jogar intermináveis partidas. Tabelas eram montadas. E assim começa um campeonato. Provavelmente cada rua devia ter o seu. 
Times de Botão


Eu me lembro das partidas que disputávamos na casa do Bráulio. Sempre à noite. Fora do horário do expediente dos Correios. Por lá se tinha uns birôs que rapidamente em nossas imaginações se transformavam em Maracanãs, Morumbis e Mineirões. Para a motivação geral troféus eram disputados. Eram confeccionados de isopor e cobertos por papel alumínio retirados de maços de cigarros. O escultor era o Marco (meu irmão mais velho) 

Logicamente que não podiam faltar lances polêmicos e regras de última hora. Tudo isto fazia parte da brincadeira. Brigas eram raras, mas rolavam também. Mas ao final tudo terminava na santa paz e com promessas de um novo campeonato no dia seguinte. O ruim era a mãe de alguém tolerar aquele bando de meninos a fazer algazarra em suas casas. 

Eu apesar de ser torcedor do Palmeiras. O único time que tive foi um Vasco. Cujo maior craque era o Buglê. Um botão igual aos outros. Mas para mim era o melhor: Um goleador nato. Indistintamente todo dono de time escolhia o seu craque também. 


Um time completo
Da turma dos Correios e da Rua da Matriz lembro-me dos seguintes colegas de disputas: Edinho, Ailton de Mazé, Bráulio, Paulinho e do Futrica. Hoje todos quarentões. Notícias deles só do Bráulio. Os outros estão espalhados aí pelo país. 


Ainda se pode encontrar, hoje em dia, em lojas de brinquedos os tais times de botões. O difícil é nestes tempos de internet rápida e jogos cheios de cores, sons e efeitos especiais é encontrar moleque que curta disputar partidas como as que disputávamos. Sinceramente acho que as nossas brincadeiras eram mais divertidas. Ou será saudosismo barato? 
Botões improvisados de jogadores.
Agora é com vocês. E na sua rua ou redondezas como eram disputadas as partidas?Qual era o seu time preferido? E os nomes de seus colegas você consegue lembrar-se de todos? Tinha brigas? Algum macete especial para os botões deslizarem mais rápidos sobre a mesa? E o seu goleiro era montado com quê? Ou vai querer me dizer que nunca jogastes este treco. Conta sua história por aqui também. 
Botão e o goleiro do Santos
Comentário feito pelo João Batista Queiroz em 10/09/2009 no endereço www.amigosdedelmirogouveia2.blogger.com.br

Grande César! 


Ler estes escritos é voltar ao passado de forma feliz. Ainda lembro de minhas partidas de botão com o seu irmão Marcão. Verdadeiramente snto saudades de como tudo era bonito e cheio de esperança. Os amigos eram como nossas lembranças atuais... Verdadeiros e eternos. Tenho verdadeiro orgulho da minha Cidade do passado, de Seu Pedro da Luz juntando as tabocas e as luzes acendendo como um sinal da hora do jantar. As vezes me confunde o significado da palavra PROGESSO e aí vem a pergunta: Será que nosso verdadeiro progresso não estava no passado? Um beijo todos os Delmirenses.