terça-feira, 27 de outubro de 2009

Grandes Figuras Delmirenses: Zé Mulher e Nenén de Brasileiro.

Os nomes de Zé Mulher e Neném de Brasileiro são por demais conhecidos na nossa Macondo Sertaneja. E estas lembranças foram avivadas quando me deparo com a seguinte matéria no site Coisas de Maceió:

4ª edição da parada da diversidade sexual do alto sertão - Delmiro Gouveia em 19/10/2009
A cidade de Delmiro Gouveia, conhecida nacionalmente pelo empreendedorismo de seu fundador, realiza no próximo dia 08 de novembro a partir das 14 horas na praça de eventos, a 4ª edição da Parada da Diversidade Sexual do Alto Sertão Alagoano. Com o tema Ser Cidadão é Ter Seus Direitos
O evento conta com o apoio da Prefeitura Municipal, Câmara de Vereadores, Ministério da saúde UNESCO, Fundação Delmiro Gouveia, Secretária da Mulher, Cidadania e direitos humanos, Rede Nordeste de Grupos LGBT.


Aproveito a oportunidade para resgatar mais dois textos postados nos primeiros blogs da série Amigos de Delmiro Gouveia.

Lembramos mais uma vez que os antigos blogs tiveram um bug nos seus sistemas de comentários que o provedor Globo não conseguiu resolver. E assim não aparecem mais na tela tudo aquilo que os leitores traziam de informações e que movimentavam o espaço. Os antigos comentários são visíveis apenas no gerenciador ao qual apenas eu tenho acesso. Os comentários ficam armazenados. Mas não fica o nome de quem o fez.

Mas vamos ao que interessa:



Um Certo Zé
Postado originalmente em 04 de novembro de 2004
Zé Mulher fantasiado de noiva e segurando o estandarte do Bloco do Pompeu. O bloco fez uma homenagem ao mesmo no inicio dos anos 80. O Zé veio a falecer pouco depois.


Falar sobre pessoas que obtiveram destaque no cenário social delmirense é fácil. Há muita gente talentosa. E certamente isto será falado por aqui no momento oportuno.

No entanto toda cidade tem seu lado underground. E seus personagens meio que execrados pelo senso comum mais conservador. No entanto estas pessoas fazem parte do acervo de recordações. E não acho justo esquecê-las.

E com a cidade de Delmiro Gouveia, não é diferente. Por isto este post é dedicado a uma dessas pessoas: Zé Mulher.

Zé Mulher era uma pessoa corajosa. Corajosa mesma. Porque alguém há 30 anos atrás em pleno sertão das Alagoas se assumir homossexual era um ato de ousadia e desafio. Pura coragem. Coisa para macho nenhum botar defeito.

Era um sujeito magro, moreno e meio calvo. Não tinha ares e nem jeito feminino. Carregava sim nos trejeitos e num andar meio rebolado e um tanto forçado. Lembro dele andando pelas ruas com passos rápidos, sorrindo e acenando para todos. Sempre havia alguém metido a engraçadinho a soltar um gracejo para ele. Mas ele respondia numa boa. E até gostava que mexessem com ele. Fazia parte do jogo de cena.

Costumava usar umas calças compridas desta bem justa no corpo, blusa em cores berrantes e com a barriga de fora e calçava uns tamancos. Ou seja, era algo caricato aos nossos olhos provincianos. Mas os leitores hão de concordar. Alguém se vestir assim naqueles tempos era negócio para cabra muito macho não?

Não sei em que ele trabalhava. Parece-me que costurava. E também que era um filho muito dedicado e cuidava bem de sua mãe. Também não sei em que rua morava. Talvez para os lados da Freitas Cavalcante.

Bem os anos passaram. E na última visita que fiz à cidade perguntei por ele. Disseram-me que havia morrido. Não perguntei de que.

Meu primo Tadeu Mafra, fundador do Bloco do Pompeu, grupo onde homens, cabras-machos mesmos saem vestidos de mulher pelas ruas delmirenses, contou-me que nos últimos anos de vida do Zé-Mulher sempre o convidava para ser destaque do bloco. Uma justa homenagem.

E foi o meu primo quem me cedeu a foto onde podemos ver este personagem delmirense. Pena que na fotografia vê-se o Zé já um tanto cansado e abatido. No entanto nas minhas lembranças delmirenses ele sempre será recordado pela sua forma esfuziante de ser.



Uma Lenda Viva em Delmiro Gouveia: Nenén de Brasileiro
Postado originalmente em 28 de setembro de 2005



No blog anterior há um post sobre o famoso Zé Mulher(falecido). Nada mais justo também fazermos uma homenagem ao não menos famoso Neném de Brasileiro. Afinal se assumir gay no final dos anos 60 e início dos 70 numa cidade nos confins do sertão nordestino é o cabra ser muito macho. É uma coragem e tanto desafiar os preconceitos. Afinal mesmo hoje passados tantos anos ainda impera em alguns círculos mais conservadores um certo ranço de preconceito.

Não sei se era impressão minha ou havia mesmo uma certa rivalidade entre o Neném e o Zé Mulher. Ambos fisicamente eram bastante diferentes. O Neném lembrava um pouco (ao meu ver) o Ronnie Von dos tempos da jovem guarda: cabelos negros e longos. E também tinha um certo ar feminino.

Aqui agora peço a colaboração dos leitores sobre os dados complementares sobre o nosso homenageado. Sei apenas que ele era filho do Sr. Brasileiro(vigilante do açude) e que morava para os lados da Pedra Velha.

As fotos deste post foram tiradas por mim no Bar Candeeiro em junho de 2002. Estávamos reunidos com parte da turma do GVM/1977 quando de repente entra o Neném. Um pouco mais velho, mas com a mesma esfuziante alegria de sempre. Pedi autorização e fiz o registro para a posteridade.

E aí o que você tem para contar sobre ele? Deixe o seu recado.

PS: aparecem nas fotos o famoso futebolista Tonho de Eusébio e o Cleninho(filho de Clênio Sandes) e a segunda foto a moça em pé é Núbia irmã do Rita e do famoso João Cambão.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Pragas Delmirenses: Potós e afins


O post de hoje é proposto pelo Marcos Lima. Eu apenas complemento com mais duas imagens e um texto devidamente copiado do Wikipédia (vai que algum dos leitores não seja da Macondo Sertaneja e não entenda de que falamos).

Olá César,
Fiz essas duas imagens de Delmiro, uma aparece bem visível a serra de Água Branca.

Não sei se você já teve oportunidade de comentar no seu blog sobre as "pragas" de nossa Macondo, atualmente ela está infestada por GRILOS E POTÓS.

Forte Abraço

--
Marcos Lima

"Nada pode me fazer mal, a não ser que eu permita"



POTÓ
...“Inseto é muito conhecido nas regiões Norte e Nordeste do Brasil onde é temido pois dentro dos seus fluidos existe uma substância - a pederina, que em contato com a pele do homem provoca necrose cutânea. O grande problema é que quando o inseto pousa sobre a pele da pessoa, esta inadvertidamente bate sobre o inseto contra pele, no intuito de matá-lo, justamente o bastante para a liberação da substância pederina, ocasionando assim as lesões de inflamação, formação de bolhas e feridas abertas, geralmente em áreas expostas do corpo, tais como braços, ante-braços, face e pescoço.
O potó é um inseto de hábito noturno por isso a ocorrência de sua queimadura acontece geralmente quando a vítima está dormindo. É no pescoço o local de maior incidência de lesões pelo fato do inseto possuir pequenas asas posteriores, fazendo vôos pequenos. Na face, pode provocar prejuízo maior se próximo aos olhos...”
Fonte: Wikipédia




As minhas lembranças dos tais potós foi uma tremenda queimadura que tive nas costas ao vestir uma camisa e não notar que havia uma peste destas passeando no lado interno da mesma.

Além dos potós havia um outro bichinho mais inofensivo mas não menos incomodo: Lacerdinhas. Quem não lembra deles caindo aos montes em cima das pessoas que ousavam passar por baixo das árvores que ficavam em frente ao Cine Pedra. E não sei porque mas roupas em tons amarelos exerciam um fascínio sobre eles.

Voltando aos potós: Será que o palavra “potocas” (que suponho que seja a fêmea da espécie) derivou a expressão “conversar potocas” para assuntos de menor importância?

Agora é com vocês.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Caras Brancas e Caras Pretas(Origens?)

Lembro-me que naqueles tempos a política na nossa Macondo Sertaneja, era divida entre dois blocos distintos: os Caras Brancas e os Caras Pretas. Quando cheguei por lá em 1969, com apenas sete anos de idade, era assim que os grupos adversários eram conhecidos. Ora, já era tempo do bipartidarismo (ARENA e MDB) imposto pela ditadura. No entanto, a criação da cidade data de 1954, portanto, foi anterior à malfadada “gloriosa revolução de 64 (Golpe Militar mesmo)”, portanto não eram tempos de apenas dois blocos distintos.

Talvez já nos primórdios da cidade, mesmo havendo os então fortes partidos (UDN, PTB e PSD), os adversários se chamassem de Caras brancas e Pretas e isto passou para geração seguinte. Isto é mera especulação minha. E aí, apelo para os universitários (Paurílio, David, Eduardo, Abrahão, Paulo....entre tantos outros).

Mas vamos ao que interessa: Hoje posto algumas cópias documentais enviadas pelo Eduardo Menezes. E aí temos: a posse de Alfredizio Menezes (primeiro prefeito nomeado), a renúncia de Dr. Antenor Serpa (primeiro prefeito eleito) e a nomeação de José Bandeira.

Não sei o que houve na época para o Dr. Antenor renunciar. Creio que deve ter sido algum arranjo político para abrir caminho para a ascensão do Bandeira.

Agora é com vocês.





Posse de Alfredísio

Renúncia de Dr. Antenor Serpa





Posse de Dr. José Bandeira

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Dr.Ulisses Luna(homenagem no ano do centenário de nascimento)


Hoje teremos um post duplo entrelaçando o material enviado pelo nosso colaborador Paurílio Barbosa(do Recife) e um texto postado originalmente em 28 de dezembro de 2004 no primeiro blog da série Amigos de Delmiro Gouveia. O tema é o saudoso Dr. Ulisses Luna.

César,

Se vivo fosse, há três meses Dr Ulisses teria completado cem anos. Será que esse fato foi destacado em Delmiro Gouveia? Como não houve nenhum comentário no blog, é possível que a data tenha passado em branco. Bem que ele merecia homenagens, principalmente porque levou toda a sua vida ali na nossa terra, chegando a ser prefeito e, como já li em vários comentários, exercendo o mandato com muita honestidade. A foto que remeto foi tirada de uma revista, trazendo a transcrição da certidão de batismo do "inocente" Ulisses. Muitos dos que frequentam nosso blog passaram pelas mãos daquele médico. Portanto podemos dizer que prestamos a nossa homenagem àquela grande figura cuja vida e atos ficaram gravados na história da nossa terra.

Paurilio Barbosa


Abaixo texto de César Tavares publicado originalmente em 28 de dezembro de 2004

Dr. Ulisses Luna

Sempre tive a maior admiração por quem exerce o ofício da Medicina em cidades do interior. Ora está ali num consultório apenas o médico ouvindo atentamente o paciente.

E com isto ele tenta colher as variáveis do caso em questão e dar o seu diagnóstico. Não há como pedir a bateria de exames tão comumente solicitados pelos seus colegas de profissão dos grandes centros urbanos. E mesmo que pedisse que o paciente providenciasse isto, na maioria das vezes, ele o paciente, não dispõe de recursos financeiros para tanto. Então o doutor tem que ser preciso. Não pode errar. E tem que ser rápido e certeiro.

O post de hoje é para lembrar do Dr. Ulisses Luna. Um dos pioneiros no exercício da profissão em Delmiro Gouveia.

O Dr. Ulisses era reconhecido pela sua competência técnica. Inteligência aguda e senso crítico. No entanto era um tanto folclórico o seu comportamento passional. Seu jeitão irascível e tolerância zero com supostas asneiras proferidas pelos seus tantos pacientes. Ele não levava em conta, muitas das vezes, que o paciente poderia ser alguém meio matuto ou leigo.

Afinal quem nunca levou uma bronca dele? Quem não sabia do seu zelo quase neurótico pela preservação dos hábitos de higiene?

No seu consultório e residência ali no inicio da rua do ABC, em frente a sorveteria do Seu Conde, era famosa a cadeira do paciente. Ele com um tremendo medo que os pacientes ao falarem de seus males aspergirem perdigotos em sua direção, mandou chumbar lateralmente a cadeira do paciente a sua mesa. Nada de falar na direção dele. E se o paciente tentasse se virar levava um tremendo esporro na hora.

Outro fato curioso também era o seu carro. Um jipão.branco. Quando ele oferecia carona ninguém queria. As pessoas gentilmente agradeciam, mas dispensavam à carona. Também o coitado que aceitasse tinha que andar dentro do carro todo ereto. Não podia de forma alguma segurar na barra de proteção. Por que se o fizesse levava um grito no mesmo instante. O Dr. Ulisses assim como o Howard Hughes(um milionário americano famoso) morria de medo de contaminação por bactérias,vírus e bichinhos de natureza correlata.

Mas como alguém iria se conter ereto num automóvel sacolejando em ruas calçadas com paralelepípedos? Mais um dos insondáveis mistérios delmirenses.

Dr. Ulisses participando de festividade de conclusão de turma do GVM

O Dr. Ulisses era casado com a minha prima Leni. E algo engraçado eu ouvi em junho de 2002, quando em visita à cidade. Leni disse-me: “Lá em casa só entrou um refrigerante depois que o Ulisses faleceu”. Ele não admitia de jeito nenhum o consumo de coca-cola, fanta...Tudo isto para ele era puro veneno” Bem por aí se tira o radicalismo saudável do saudoso Doutor. Mas no fundo ele tinha razão. Ou não?

Particularmente sou devedor de grandes favores ao Dr. Ulisses. Ele cuidou da saúde dos meus familiares e até da minha quando criança. Afinal médico no interior naqueles tempos era pau para toda obra. Tinha que saber de tudo mesmo: Desde pediatria, passando por ginecologia, infectologia, cardiologia e todas as logias possíveis e imagináveis. Enfim ele seguia o juramento de Hipócrates ao pé da letra. E ao menos nos casos da minha família as suas indicações terapêuticas foram eficazes.

E achei mais do que justo a homenagem feita pela cidade, ao colocarem o seu nome num dos postos de saúde. E é sempre bom lembrar que a cidade de Delmiro Gouveia só existe porque foi graças ao pai do Doutor. O Coronel Ulisses Luna que no início do século XX acolheu o então fugitivo Delmiro Augusto da Cruz Gouveia nas suas terras e deu total apoio aos empreendimentos do pioneiro. Bem isto é história real e pode ser lida em qualquer bom livro do gênero e não nestes rascunhos e arremedo de blog.

E aí você lembra de alguma história do Dr. Ulisses? Ele também cuidou da sua saúde? Ou de alguém da sua família? Você alguma vez provocou a sua ira? Ou o viu iracundo? Lembra-se de algum fato interessante ocorrido com alguém conhecido? Conte aqui. Partilhe a sua lembrança conosco.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Delmiro Gouveia: Nasce uma cidade.

O blog de vez em quando dá os ares de sua graça na história oficial da cidade. Ainda em agosto de 2008, foi publicado o material enviado pelo nosso colaborador Paurilio, que nos trazia a cópia do Diário Oficial com a “certidão de nascimento da cidade”(clique aqui). E eis que agora o Eduardo Menezes nos remete cópias das atas manuscritas deste evento.

O que achei interessante foi ampliar a fotografia e ficar tentando identificar o nome de todas as pessoas que participaram desta solenidade. E fiquei bastante orgulhoso em saber que o meu tio Adonias Mafra esteve presente em tal cerimônia. Há dezenas de nomes. Conheci algumas das pessoas que deixaram suas assinaturas em tal documento.

Vamos ao que interessa e para movimentar o blog que tal um desafio? : Será que os leitores conseguem lembrar-se de todas as pessoas que assinaram tal documento? Então que tal falar um pouco sobre elas?
PS: Lembramos que para ampliar as imagens basta clicar em cima das mesmas.